Post by treinadoreshp on Oct 22, 2008 11:19:57 GMT -5
"Muito se tem falado nos últimos tempos sobre as novas regras do hóquei em patins. Penso que uma vez que estão aprovadas resta-nos esperar para ver a sua real aplicação, porque muitas vezes o que é bonito no papel, pode não o ser na prática, como também o inverso pode acontecer, ou seja, o que muitas vezes é menos bonito no papel, até se torna bom ou útil na prática.
Eu também já tenho uma opinião formada em relação às novas regras do hóquei em patins e umas parecem-me bem alteradas ou adaptadas, outras nem por isso, deixam-me muitas dúvidas. Agora para ter a certeza da minha opinião, vou esperar para as ver em prática.
Penso que antes de criticarmos ou de vangloriarmos, devemos esperar pela sua aplicabilidade. Como também penso que anteriormente deveriam ter existido sessões de debate a nível nacional com muitos intervenientes e não só algumas sessões locais e com as mesmas pessoas.
Outros que agora se manifestam, poderiam-no ter feito em altura própria e porventura a tempo de se poder corrigir uma ou outra situação.
Espero também é que tal como na ciência ou noutras modalidades, as coisas não tenham sido só idealizadas no papel e a prática será agora colocar já em prática em provas oficiais. Espero que todas estas alterações tenham sido testadas muitas vezes, sob diferentes formas como por exemplo jogos de vários escalões, de várias divisões e com diferentes tipos de árbitros, para que passassem a papel antes de serem aprovadas. Não podemos pôr as coisas no papel e depois sem as testar colocá-las em prática. Não faz sentido e é de muita irresponsabilidade, porque podemos estar a brincar com a credibilidade de uma modalidade.
Como também espero que estas alterações não tenham sido só aprovadas a pensar nos campeonatos do mundo e da europa de seniores?? Isso é que seria mesmo mau, porque o hóquei em patins não vive disso, vive dos treinos nos clubes e da competição semanal acima de tudo. Mas nem tal coisa me quer passar pela cabeça. Isso seria então um erro grosseiro que comprometeria não uma competição, mas sim a credibilidade e espectacularidade de uma modalidade.
Sinceramente, depois de ler as alterações o primeiro grande receio que estas novas regras me trazem é a sua aplicabilidade por parte dos árbitros e das equipas de arbitragem. É a aqui que reside a minha grande dúvida, mesmo antes de saber se a medida A ou B é benéfica ou não.
Tenho visto o nível de qualidade das nossas arbitragens a empobrecer época após época, assisto todos os fins de semana a diferentes acções dos árbitros para as mesmas situações e assisto ainda a critérios de actuação, quer no âmbito técnico, que no âmbito disciplinar, bastante diferente entre árbitros de diferentes categorias e de diferentes zonas. Penso que quem anda no terreno sabe e percebe perfeitamente o que estou a dizer e também penso que toda a gente sente que uma arbitragem de um árbitro da AP Porto é bem diferente da arbitragem de um árbitro da AP Minho ou da AP Lisboa.
É mais que notório e as equipas sentem isso. O que hoje é falta no pavilhão Y com o árbitro X, no próximo jogo no pavilhão H não é falta com o árbitro W e por aí fora.
Se actualmente está assim, o que me causa confusão, porque o regulamento é igual para todos e o manual da actuação do árbitro também é igual para todos eles, não percebo como pode existir tanta desigualdade e dualidade de critérios. Logo, quando entrarem em vigor as novas regras, residirá aqui a possibilidade do primeiro entrave ou não às novas regras, na minha opinião.
Espero que as pessoas e entidades responsáveis apostem claramente numa boa e contínua formação dos principais agentes envolvidos, porque senão isto pode ser bastante problemático.
Relembro, com o máximo de respeito que tenho pela arbitragem, que na nossa modalidade, a este nível, qualquer um pode ser árbitro, a formação é muito reduzida, os treinos dos árbitros são inexistentes, a forma de actuação difere muito de árbitro para árbitro e não é uma classe profissional, logo se a prioridade não for formar e sensibilizar bem os árbitros de hóquei em patins para as novas regras, a probabilidade das mesmas fracassar será enorme, pois eles terão uma grande palavra a dizer neste âmbito.
Mas não é só os árbitros que terão que se adaptar.
Os treinadores também terão de se adaptar. Penso ainda que terá de ser implementada uma nova filosofia em nós treinadores. Os métodos de treino terão forçosamente de ser alterados ou adaptados à nova realidade e também nós treinadores teremos um papel diferente do actual.
Penso sinceramente que os treinos do tipo aquecer e bola ao meio, ou do tipo o preparador físico faz umas coisas e eu treinador apito as faltas, acabou. Quem não se adaptar ficará para trás. Penso que nesse contexto os treinos ficarão mais ricos do ponto de vista do desenvolvimento das capacidades motoras e do enriquecimento táctico, o que por um lado pode levar o hóquei a ficar um jogo um pouco feio em determinadas fases do jogo, quando todos andarem atrás de pontos.
E mais que nunca passaremos a ter o jogo parecido com o chamado jogo do "gato e do rato".
Teremos também de treinar novas situações de ataque e de defesa. Situações de 4*2 por exemplo, ou de 5*4, 5*3, etc.
Os jogadores também terão de se adaptar e quando digo isto, não digo no sentido de saberem só as faltas. A partir da entrada em vigor destas novas regras, os jogadores faltosos, ou indisciplinares irão perder relevo num plantel. Um jogador não disciplinado tacticamente, poderá também comprometer muito a sua equipa. Porventura a partir de 2010, os treinadores de hóquei em patins começarão a ter em atenção outros critérios de selecção de jogadores para a construção do seu plantel.
Acho que é para aqui que devemos primeiramente direccionar as nossas atenções antes de criticar seja o que for. Eu volto a dizer que não estou a favor, nem contra estas novas regras. Tenho muitas dúvidas em relação a algumas e vou esperar pela sua aplicação real, para formar a minha opinião.
Mais uma vez friso a importância de todas estas alterações terem sido bem testadas antes de serem aprovadas... Senão estaríamos a brincar ao hóquei em patins.
Se estas alterações surgem somente na tentativa de dar algum novo alento à modalidade, sou da opinião que outras medidas deveriam ser tomadas primeiramente.
Por exemplo, a mim continua a fazer confusão o facto dos clubes que apostam na formação de atletas, não receberem qualquer compensação se virem os atletas a saírem das suas fileiras. Como é possível? Assim não vale a pena apostar na formação.
A mim faz-me confusão as taxas elevadas que os clubes pagam quando jogam em casa.
A mim faz-me confusão certos quadros competitivos. Penso que no geral estamos a perder competitividade interna e a convidar alguns clubes a não terem a secção ou departamento de hóquei em patins.
Penso que se se fizesse alguma coisa neste contexto antes de se mexer nas regras, iríamos ter os clubes mais motivados para continuar a apostar na modalidade e depois sim, iríamos às alterações das regras. Aliás, penso ser urgente a curto prazo fazer algumas coisa neste sentido (quadros competitivos, formação e taxas).
Penso que se começou ao contrário. Mas quem sou eu para julgar tal situação.
Resta-me a mim enquanto treinador começar já a preparar o "futuro" ao nível do treino, para estar preparado, quer goste ou não das novas regras e enquanto ex-atleta da modalidade e adepto da mesma, esperar pela aplicação das novas regras, para ver na prática o que aí vem o que trará de novo à modalidade."
Helder Antunes - Treinador de Hóquei em Patins
Eu também já tenho uma opinião formada em relação às novas regras do hóquei em patins e umas parecem-me bem alteradas ou adaptadas, outras nem por isso, deixam-me muitas dúvidas. Agora para ter a certeza da minha opinião, vou esperar para as ver em prática.
Penso que antes de criticarmos ou de vangloriarmos, devemos esperar pela sua aplicabilidade. Como também penso que anteriormente deveriam ter existido sessões de debate a nível nacional com muitos intervenientes e não só algumas sessões locais e com as mesmas pessoas.
Outros que agora se manifestam, poderiam-no ter feito em altura própria e porventura a tempo de se poder corrigir uma ou outra situação.
Espero também é que tal como na ciência ou noutras modalidades, as coisas não tenham sido só idealizadas no papel e a prática será agora colocar já em prática em provas oficiais. Espero que todas estas alterações tenham sido testadas muitas vezes, sob diferentes formas como por exemplo jogos de vários escalões, de várias divisões e com diferentes tipos de árbitros, para que passassem a papel antes de serem aprovadas. Não podemos pôr as coisas no papel e depois sem as testar colocá-las em prática. Não faz sentido e é de muita irresponsabilidade, porque podemos estar a brincar com a credibilidade de uma modalidade.
Como também espero que estas alterações não tenham sido só aprovadas a pensar nos campeonatos do mundo e da europa de seniores?? Isso é que seria mesmo mau, porque o hóquei em patins não vive disso, vive dos treinos nos clubes e da competição semanal acima de tudo. Mas nem tal coisa me quer passar pela cabeça. Isso seria então um erro grosseiro que comprometeria não uma competição, mas sim a credibilidade e espectacularidade de uma modalidade.
Sinceramente, depois de ler as alterações o primeiro grande receio que estas novas regras me trazem é a sua aplicabilidade por parte dos árbitros e das equipas de arbitragem. É a aqui que reside a minha grande dúvida, mesmo antes de saber se a medida A ou B é benéfica ou não.
Tenho visto o nível de qualidade das nossas arbitragens a empobrecer época após época, assisto todos os fins de semana a diferentes acções dos árbitros para as mesmas situações e assisto ainda a critérios de actuação, quer no âmbito técnico, que no âmbito disciplinar, bastante diferente entre árbitros de diferentes categorias e de diferentes zonas. Penso que quem anda no terreno sabe e percebe perfeitamente o que estou a dizer e também penso que toda a gente sente que uma arbitragem de um árbitro da AP Porto é bem diferente da arbitragem de um árbitro da AP Minho ou da AP Lisboa.
É mais que notório e as equipas sentem isso. O que hoje é falta no pavilhão Y com o árbitro X, no próximo jogo no pavilhão H não é falta com o árbitro W e por aí fora.
Se actualmente está assim, o que me causa confusão, porque o regulamento é igual para todos e o manual da actuação do árbitro também é igual para todos eles, não percebo como pode existir tanta desigualdade e dualidade de critérios. Logo, quando entrarem em vigor as novas regras, residirá aqui a possibilidade do primeiro entrave ou não às novas regras, na minha opinião.
Espero que as pessoas e entidades responsáveis apostem claramente numa boa e contínua formação dos principais agentes envolvidos, porque senão isto pode ser bastante problemático.
Relembro, com o máximo de respeito que tenho pela arbitragem, que na nossa modalidade, a este nível, qualquer um pode ser árbitro, a formação é muito reduzida, os treinos dos árbitros são inexistentes, a forma de actuação difere muito de árbitro para árbitro e não é uma classe profissional, logo se a prioridade não for formar e sensibilizar bem os árbitros de hóquei em patins para as novas regras, a probabilidade das mesmas fracassar será enorme, pois eles terão uma grande palavra a dizer neste âmbito.
Mas não é só os árbitros que terão que se adaptar.
Os treinadores também terão de se adaptar. Penso ainda que terá de ser implementada uma nova filosofia em nós treinadores. Os métodos de treino terão forçosamente de ser alterados ou adaptados à nova realidade e também nós treinadores teremos um papel diferente do actual.
Penso sinceramente que os treinos do tipo aquecer e bola ao meio, ou do tipo o preparador físico faz umas coisas e eu treinador apito as faltas, acabou. Quem não se adaptar ficará para trás. Penso que nesse contexto os treinos ficarão mais ricos do ponto de vista do desenvolvimento das capacidades motoras e do enriquecimento táctico, o que por um lado pode levar o hóquei a ficar um jogo um pouco feio em determinadas fases do jogo, quando todos andarem atrás de pontos.
E mais que nunca passaremos a ter o jogo parecido com o chamado jogo do "gato e do rato".
Teremos também de treinar novas situações de ataque e de defesa. Situações de 4*2 por exemplo, ou de 5*4, 5*3, etc.
Os jogadores também terão de se adaptar e quando digo isto, não digo no sentido de saberem só as faltas. A partir da entrada em vigor destas novas regras, os jogadores faltosos, ou indisciplinares irão perder relevo num plantel. Um jogador não disciplinado tacticamente, poderá também comprometer muito a sua equipa. Porventura a partir de 2010, os treinadores de hóquei em patins começarão a ter em atenção outros critérios de selecção de jogadores para a construção do seu plantel.
Acho que é para aqui que devemos primeiramente direccionar as nossas atenções antes de criticar seja o que for. Eu volto a dizer que não estou a favor, nem contra estas novas regras. Tenho muitas dúvidas em relação a algumas e vou esperar pela sua aplicação real, para formar a minha opinião.
Mais uma vez friso a importância de todas estas alterações terem sido bem testadas antes de serem aprovadas... Senão estaríamos a brincar ao hóquei em patins.
Se estas alterações surgem somente na tentativa de dar algum novo alento à modalidade, sou da opinião que outras medidas deveriam ser tomadas primeiramente.
Por exemplo, a mim continua a fazer confusão o facto dos clubes que apostam na formação de atletas, não receberem qualquer compensação se virem os atletas a saírem das suas fileiras. Como é possível? Assim não vale a pena apostar na formação.
A mim faz-me confusão as taxas elevadas que os clubes pagam quando jogam em casa.
A mim faz-me confusão certos quadros competitivos. Penso que no geral estamos a perder competitividade interna e a convidar alguns clubes a não terem a secção ou departamento de hóquei em patins.
Penso que se se fizesse alguma coisa neste contexto antes de se mexer nas regras, iríamos ter os clubes mais motivados para continuar a apostar na modalidade e depois sim, iríamos às alterações das regras. Aliás, penso ser urgente a curto prazo fazer algumas coisa neste sentido (quadros competitivos, formação e taxas).
Penso que se começou ao contrário. Mas quem sou eu para julgar tal situação.
Resta-me a mim enquanto treinador começar já a preparar o "futuro" ao nível do treino, para estar preparado, quer goste ou não das novas regras e enquanto ex-atleta da modalidade e adepto da mesma, esperar pela aplicação das novas regras, para ver na prática o que aí vem o que trará de novo à modalidade."
Helder Antunes - Treinador de Hóquei em Patins